Por que algumas pessoas nunca engordam, apesar de comerem tanto? Elas são portadoras de uma condição conhecida como magreza constitucional. Isso ocorre quando o corpo não consegue estocar gordura, mesmo em condições de superalimentação. Acaba de ser publicado um estudo que pode explicar o que essas pessoas têm de “diferente”.

Nosso corpo possui um sistema que determina o quanto da energia obtida através da alimentação será utilizada para as atividades metabólicas, e o quanto será armazenada. A isso se chama balanço energético.

Grande parte desse balanço energético se dá no tecido gorduroso, que pode ser classificado em dois tipos: branco e marrom.

O tecido adiposo branco é distribuído através do subcutâneo, grupamentos musculares, órgãos e vísceras ocas da cavidade abdominal e mediastino. Também é conhecido como gordura visceral. Não só armazena e fornece energia como também faz parte do controle metabólico do organismo.

Já o tecido adiposo marrom atua na manutenção da temperatura corporal através da queima de calorias, ou seja, está envolvido na determinação do gasto energético envolvido nesse processo, conhecido como termogênese.

Pensava-se que o tecido adiposo marrom estava presente apenas em recém-nascidos, porém estudos recentes mostram que está presente também em adultos, e sua quantidade varia de pessoa para pessoa. Está localizado principalmente em regiões próximas ao pescoço e ao longo dos principais vasos do tórax e do abdomen.

O balanço energético depende em parte da atividade termogênica durante o repouso, que interfere no acúmulo de gordura corporal a longo prazo. A capacidade que o organismo tem de produzir energia durante o repouso tem papel cada vez mais importante na regulaçao do peso corporal à medida que adotamos hábitos mais sedentários.

Afinal, por que algumas pessoas não engordam?

A resposta está no tecido adiposo marrom. Este estudo mostra pela primeira vez que o tecido adiposo marrom em mulheres com magreza constitucional tem efeito protetor contra o acúmulo de gordura, principalmente pelo uso preferencial da gordura como forma de obter energia no repouso, o que não foi observado nos outros grupos estudados (mulheres com peso normal ou portadoras de anorexia nervosa).

Esse estudo traz novas perspectivas para o desenvolvimento de terapias que visem a estimular a atividade do tecido gorduroso marrom, seja fisiológica ou farmacologicamente, na tentativa de combater a obesidade e as doenças associadas a este quadro.

Concluindo: essas pessoas que há muito tempo vem sendo injustamente chamadas de “magras de ruim”, na verdade são inocentes portadoras de um metabolismo avantajado.

Fonte: Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism 7/2/13