A morte de uma fisiculturista na última semana trouxe novamente à tona a discussão sobre os riscos do uso de anabolizantes – substâncias derivadas da testosterona, usadas em indivíduos sem deficiência hormonal comprovada, muitas vezes com o objetivo de melhorar a performance física e aumentar a massa muscular.

Muitos jovens se submetem a seu uso mesmo conhecendo os riscos à saúde. Outras vezes acreditam que o uso “consciente” e “controlado” pode evitar as complicações, mas é importante alertar que não existe um “jeito certo” de tomar essas substâncias. Qualquer dose administrada a indivíduos sem deficiência hormonal é excessiva, e traz riscos à saúde.

Os efeitos mais conhecidos do uso das famosas “bombas” são sobre a composição corporal e a performance física, além de alterações de cunho psicológico, com uma certa agressividade, o que costuma ser bem- vindo entre muitos atletas, que percebem uma melhora da autoestima, ficam mais competitivos, e suportam treinos mais fortes enquanto usam essas substâncias. Porém, os efeitos negativos nem sempre são divulgados, pois esse é um mercado muito lucrativo, e a boa propaganda é a alma do negócio, não é mesmo?

Gostaria de compartilhar minha experiência pessoal no atendimento a esses pacientes. É MUITO frequente atendermos no consultório pacientes que fizeram uso de um primeiro “ciclo” hormonal, e até então só perceberam os efeitos positivos, e nos procuram no decorrer deste primeiro, ou do “próximo ciclo”, dizendo que não entendem como alguns problemas apareceram “de repente”, já que vinham fazendo uso “controlado” dessas substâncias. São pessoas procurando soluções rápidas e milagrosas para o efeito de substâncias que se depositam no organismo e continuam agindo por meses.

Sabemos que a sensibilidade a complicações varia de indivíduo para indivíduo, e não é possível prever qual a dose ou o tempo necessário para desencadear os problemas, que, sim, surgem de um dia para o outro.

Uma das queixas mais frequentes entre os homens é a dificuldade de ereção. Outros problemas comuns são acne, queda de cabelos e ginecomastia (crescimento do tecido mamário), sem falar nos possíveis danos ao coração, rins e fígado, que colocam em risco a vida do paciente. Entre as mulheres, é comum a queda de cabelos, aparecimento de pêlos e acne. Pode ainda ocorrer engrossamento da voz, que pode ser irreversível. Veja ao final uma lista com os efeitos colaterais mais comuns.

Os aspectos físicos das possíveis complicações são bem conhecidos, porém muitas vezes esquecemos que o uso de anabolizantes pode trazer consequências psicológicas gravíssimas. A agressividade, euforia e irritabilidade são sintomas comuns. Chamam a atenção mudanças súbitas de temperamento. Com o uso prolongado, esses indivíduos podem perder o controle e passar a ter comportamentos violentos, aumentando o risco de homicídio, suicídio, e abuso sexual, segundo demonstrado em estudos. Essas substâncias podem causar ainda dependência, e sua retirada pode levar à síndrome de abstinência, com sintomas como dor de cabeça, cansaço crônico, perda de apetite, redução da libido e depressão.

Os riscos do uso de anabolizantes não podem ser controlados! Não ponha sua vida em risco em troca de efeitos temporários na aparência e performance física. As consequências podem ser irremediáveis!

Veja abaixo os Efeitos Secundários do Uso de Esteróides Anabólicos: 

Em mulheres
Pêlos Faciais
Engrossamento da Voz
Aumento de pêlos no corpo
Irregularidade menstrual
Aumento de apetite
Crescimento do clitóris
Diminuição dos seios

Em homens
Aparecimento de mamas
Redução dos testículos
Impotência
Diminuição da contagem dos espermatozóides
Calvície

Em Ambos
Acne
Queda do cabelo
Distúrbios da função do fígado
Tumores no fígado
Explosões de ira ou comportamento agressivo
Paranóia
Alucinações
Psicoses
Coágulos de Sangue
Retenção de líquido no organismo
Aumento da pressão arterial
Risco de adquirir doenças transmissíveis (AIDS, Hepatite)

Fonte das tabelas: Site da SBEM