O câncer de tireoide é uma das neoplasias mais frequentes, e sua incidência vem aumentando progressivamente em todo o mundo.

São muitos os fatores de risco para câncer de tireoide. Estudos com sobreviventes de bombas atômicas e vítimas de acidentes nucleares revelaram que a exposição a doses moderadas e altas de radiação aumentam o risco de câncer de tireoide.

Apesar de grande parte dos exames diagnósticos usarem doses de radiação relativamente baixas, fica a dúvida: a exposição repetida a exames diagnósticos com baixas doses de radiação poderia aumentar o risco de câncer de tireoide?

O objetivo do estudo aqui descrito foi realizar uma revisão sistemática e meta-análise para avaliar os efeitos da exposição à radiação diagnóstica no risco de câncer de tireoide.

 

Tomografia computadorizada (TC) e risco de câncer de tireoide:

O uso de exames de TC tem aumentado muito desde 1990, sendo cabeça e pescoço as regiões mais examinadas. Uma TC é um procedimento de dose relativamente alta. A dose de radiação absorvida pela tireoide é maior quando o exame é multifase ou usa um meio de contraste.

A TC de pescoço foi associada com um risco aumentado de desenvolver câncer de tireoide.

 

Radiografia dental e risco de câncer de tireoide:

Exposição à radiografia dental foi associada a um risco aumentado de câncer de tireoide .

A maioria dos artigos incluídos nessa meta-análise não relatou o tipo de raio-x dental, então os resultados da análise não incluíram associações de acordo com o tipo de raio-x.

 

Mamografia e raio-x de tórax & risco de câncer de tiroide:

– Os resultados para as exposições ao raio-x do tórax e mamografia indicaram que eles não estiveram associados ao risco de câncer de tireoide.

 

Existe uma dose segura de radiação diagnóstica?

O risco individual de câncer após a realização de um único exame diagnóstico que envolva radiação é extremamente pequeno, no entanto, a exposição à radiação diagnóstica total aumentou substancialmente nas últimas décadas, e esta é uma tendência que tende a se manter.

Não se pode presumir que exista um limite de dose em que o risco de câncer seja mínimo ou ausente.

 

Quanto tempo costuma levar para o câncer de tireoide se desenvolver após a exposição à radiação?

Estudos têm encontrado períodos de latência inferiores a quatro anos para os casos de câncer de tireoide. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA o tempo de latência mínimo para o câncer de tireoide é de 2,5 anos.

Nem todos os estudos relatam o intervalo de tempo entre a primeira exposição e o diagnóstico de câncer de tireoide, no entanto, a maioria dos estudos reporta mais de cinco anos de período de latência.

 

Como minimizar os efeitos da radiação diagnóstica sobre a tireoide?

Equipamentos de proteção contra radiação (por exemplo, aventais ou colares de chumbo) podem diminuir a carga de radiação corporal durante a realização de exames radiológicos com radiação. Novos estudos são necessários para investigar as diferenças no risco de câncer de tireoide de acordo com a idade na exposição à radiação diagnóstica e ao uso de equipamentos de proteção.

Os profissionais de saúde têm um papel crítico na indicação de exames diagnósticos que envolvem radiação. As desvantagens da radiação diagnóstica devem ser consideradas, porém o desenvolvimento desses exames tem sido crucial para a detecção precoce de doenças e diagnósticos mais precisos, o que pode contribuir para a redução da morbidade, a escolha do tratamento mais adequado e o aumento da expectativa de vida, mostrando que uma indicação bem feita com base na avaliação clínica individualizada trará mais benefícios do que riscos a nossos pacientes.

Recomenda-se proteger a tireoide e reduzir as doses de radiação durante os procedimentos diagnósticos sempre que possível. As estratégias incluem preferir exames de imagem sem radiação ionizante, evitar ou reduzir a exposição da tireoide durante exames diagnósticos, e evitar o uso de contraste para reduzir a absorção da radiação.

Fonte: Diagnostic X-Ray Exposure and Thyroid Cancer Risk: Systematic Review and Meta-Analysis. THYROID Volume 28, Number 2, 2018. Mi Ah Han e Jin Hwa Kim.