Alguns obesos podem ser considerados saudáveis? Isso muda ao longo do tempo? É a esta questão que um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism tenta responder.

A obesidade é considerada um fator de risco para o aparecimento de uma série de problemas clínicos e metabólicos, entretanto, há uma grande variabilidade individual no risco de desenvolver estas alterações. Os pacientes resistentes a desenvolvê-las tem sido chamados de “obesos metabolicamente saudáveis”.

Os estudos que avaliam a presença de alterações como resistência à insulina (fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2), hipertensão arterial e aumento dos níveis de colesterol, entre outras complicações associadas à obesidade, mostram resultados variáveis. De acordo com os critérios utilizados, são encontradas taxas que variam desde apenas 6%, até 44% de “obesos saudáveis” entre aqueles que representam a população geral.

O estudo em questão foi realizado na Espanha, onde 1051 indivíduos foram observados por um período de até 11 anos.

A primeira conclusão do estudo foi que uma parcela substancial dos indivíduos considerados saudáveis ao início do estudo não permaneceram assim após 6 anos de observação. A outra foi que o grupo “saudável” apresentou um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2, semelhante ao grupo considerado “não saudável”, ou seja, o risco de desenvolver diabetes tipo 2 esteve mais associado ao peso do que ao grau de resistência à insulina.

Todos os estudos mostram que a associação entre obesidade e anormalidades metabólicas aumentam o risco de desenvolver doença cardiovascular, porém os resultados são conflitantes quando se avalia apenas a influência do peso no risco dessas doenças.

Os resultados deste estudo sugerem que o grupo classificado como “obesos metabolicamente saudáveis” expressa uma grande diversidade biológica em todas as variáveis contínuas, como índice de massa corporal, resistência à insulina e níveis de colesterol. Este é um conceito dinâmico que deve ser reavaliado ao longo do tempo, pois muitos indivíduos inicialmente considerados saudáveis mudam seu estado de acordo com o tempo de avaliação.

Com base nesses resultados, fica claro que devemos correr em busca da perda de peso, pois nem sempre é possível prever quais são os indivíduos que ficarão livres das complicações que a obesidade pode trazer.

É importante lembrar que uma redução de cerca de 5 a 10% do peso corporal já é suficiente para reduzir de forma substancial o risco de desenvolver as doenças associadas à obesidade…

Fonte: JCEM 4/4/13